terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Invitácion VIII ELAOPA

Este 13, 14, y 15 de febrero nos reuniremos en la colonia de vacaciones del Sindicato de Artes Gráficas (Lagomar) para llevar a cabo el VIII Encuentro Latinoamericano de Organizaciones Populares Autónomas.

Este encuentro surge en el año 2003 como espacio alternativo al Foro Social Mundial, siendo ajeno a la ingerencia de partidos políticos, ONG’s, alejado de discursos intelectuales e institucionales que difieren de nuestra realidad y de las intenciones de nuestras organizaciones. Pretende entonces aglutinar, encontrar, y articular la lucha de organizaciones populares. Al ser los propios actores quienes realicen los análisis desde sus necesidades, realidades, intenciones y anhelos, cobra una mayor significación y comprensión la real situación y los distintos problemas y experiencias de lucha y resistencia de nuestro continente. Siendo el carril la lucha popular, con independencia de clase, inserta en su medio y desde su realidad, es que buscamos la mayor participación de las organizaciones que se sientan identificadas con estos principios.

Es así que en relación a esto se han desarrollado los encuentros en Brasil (2003), Bolivia (2004), Argentina (2005), Uruguay (2006), Chile (2007) y Brasil (2008), Argentina (2009), participando en ellos organizaciones de la más diversa actividades: agrupaciones sindicales y sindicatos, colectivos culturales, muralistas, grupos de teatro, movimientos piqueteros, colectivos feministas y lucha por la igualdad de género, clasificadores de residuos, ateneos, centros sociales, organizaciones campesinas, ecologistas, colectivos de defensa de los derechos humanos, recursos naturales, entidades estudiantiles.

Dos ejes importantes, que han estado siempre presentes en nuestros encuentros han sido la construcción del poder popular, y la organización de América para la resistencia al saqueo y opresión capitalista.

El primero de ellos se aboca a la construcción de un poder de los de abajo, de los oprimidos de esta tierra, un poder popular que goce de autonomía, libertad, por fuera de burocratismos, discriminaciones y segregaciones para con los pobres del mundo. Pensamos, creamos y re creamos mecanismos que nos permitan tomar nuestras posturas y resoluciones, manifestarnos libremente, solidarizarnos con los compañeros agredidos, todo esto a sabiendas del sistema en que vivimos y somos parte, todo ello en conocimiento de nuestras propias limitantes, y con la conciencia clara, que este poder popular será la acción, práctica, del mundo nuevo que llevamos en nuestros corazones, esa mujer y hombre nuevo.

El segundo de los grandes ejes tiene que ver con las realidades cotidianas, con nuestros mecanismos de lucha y resistencia contra el saqueo, contra la dominación de este sistema. Desde allí identificamos los puntos en común con nuestras luchas y reivindicaciones, buscamos organizarnos y apoyarnos mutuamente, buscar la forma de aglutinar las luchas americanas en un solo puño. No pensamos jamás en ser ajenos a más de 500 años de saqueo, masacre, a la que venimos siendo sometidos como americanos.

Creemos firmemente que a través de la coordinación y articulación es posible fortalecer la construcción de poder popular, una construcción con participación de todas y todos, manteniendo la autonomía frente a los partidos políticos, el estado y sus gobiernos, ONG y empresas, y todos aquellos que nos digan que hacer con estructuras autoritarias y alejadas de nuestra realidad.

Es por eso que para este octavo encuentro hemos propuesto discutir los siguientes ejes.

* Organizaciones sociales y construcción de poder popular: resistencia popular.
* Articulación de la lucha popular desde las realidades de América.
* Planes del capitalismo para el saqueo y la opresión en América Latina: IIRSA.



El encuentro se está organizando desde que ha comenzado el año, siendo en estos momentos que les enviamos esta invitación a participar en la organización de las discusiones del mismo. En consecuencia con lo antes expuesto es que creemos necesario que los frentes de lucha que identificamos para Uruguay y América deben encontrarse y debatir, intercambiar, por lo que la invitación también es a participar de la elaboración de materiales, documentos, para aportar a la discusión.

Los frentes propuestos son los siguientes (no es una lista cerrada):

* Derechos Humanos.
* Educación.
* Tierra y recursos naturales.
* Sindical.
* Barrial.
* Comunicación y cultura.



Es claro que al tratarse de una lista de comisiones de discusión que no está cerrada, se pueden proponer nuevos frentes o talleres a realizar.

Vemos al encuentro como una herramienta para articular y consolidar una herramienta de lucha, de carácter continental, sin institucionalismos gubernamentales, sin ONG’s, sin partidos, con independencia de clase y lucha popular.

Esperamos contar con ustedes.

Arriba los que luchan!!!.

Comisión de Organización del Octavo ELAOPA.

www.elaopa.org

octavoelaopa@gmail.com

domingo, 29 de novembro de 2009

Fundação da Federação Anarquista de São Paulo (FASP)

Foi fundada em 18 de novembro de 2009 a Federação Anarquista de São Paulo (FASP)!

Funcionando como Pró-FASP desde o início de 2008, a organização foi formalmente fundada em um evento ocorrido no último final de semana que reuniu a militância da própria FASP, além de delegados da Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ).

No evento de fundação, foi lido um Manifesto de Fundação, apresentado um vídeo, em que os militantes relataram a teoria e a prática deste um ano de atividades, a leitura das declarações de solidariedade das organizações: FARJ, Organização Resistência Libertária (ORL), Federação Anarquista Uruguaia (FAU), Federação Anarquista Gaúcha (FAG) e Rusga Libertária, além de mensagens de individualidades.

Houve presença de militantes do Ativismo ABC e do Ay Carmela, espaço onde foi realizado o evento de fundação.

Na seqüência, companheiros e companheiras intervieram falando sobre a fundação, congratulando a recém fundada organização e seus militantes. Houve no final uma confraternização com comes e bebes.

Enfim, fechamos este breve relato com a parte final do Manifesto da FASP, que assim colocou:

“Entoamos as consignas de outras organizações para declarar fundada, neste momento, a Federação Anarquista de São Paulo!

Ética, compromisso, liberdade!
Não tá morto quem peleia!
Arriba los que luchan!

Viva o anarquismo!
Viva a FASP!”

fonte: http://www.anarquismosp.org/

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Site da Federação Anarquista Gaúcha é removido do ar pelo governo Yeda

s práticas autoritárias do governo Yeda Crusius intensificam-se em todos os flancos.

Como se já não bastasse a repressão à sede da Federação Anarquista Gaúcha, o governo Yeda resolveu calar a voz do sítio virtual da organização. O site da FAG não está mais no ar devido à apreensão do servidor que a hospedava.

Contudo, valorosos companheiros libertários, solidários com a FAG, não se intimidaram e colocaram um novo sítio no ar que pode ser acessado em: http://www.vermelhoenegro.co.cc/

Fora Yeda!!!

Autor(a): FARJ

fonte: http://www.farj.org/

NOTA OFICIAL DA FEDERAÇÃO ANARQUISTA GAÚCHA APÓS A CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLÍTICO-POLICIAL CONTRA A ORGANIZAÇÃO

Porto Alegre, 16 de novembro de 2009

Companheiras e companheiros,

Até o Grupo RBS reconheceu que a causa é política e não um caso de policial e nos colocou na editoria de POLÍTICA. O delegado titular caracterizou com todas as implicações possíveis e a nota que saiu há pouco no Plantão da Zero Hora reflete a compreensão dessa farsa jurídico-policial. Temos a total confiança de que vamos conseguir nos defender e provar que o ocorrido foi um ato político de responsabilização de um evento de repressão ao MST cuja chefe do Executivo estadual e o comandante dentro do campo de operações são, de fato, os responsáveis políticos. Em qualquer país da América Latina esse episódio iria gerar uma indignação popular. Esperamos que o conjunto das entidades de base, movimentos populares e a esquerda autêntica compreendam que hoje é com a FAG, amanhã pode ser contra qualquer outra agrupação que ouse falar o que pensa e provar o que sabe.

Solidariamente, Federação Anarquista Gaúcha
www.vermelhoenegro.og/fag


ABAIXO A NOTA OFICIAL DA POLÍCIA CIVIL DO RS A RESPEITO DA CAUSA POLÍTICA CONTRA A FAG

17ª DP conclui inquérito sobre campanha caluniosa contra Governadora

O delegado André Mocciaro, titular da 17 ª Delegacia de Polícia (DP), concluiu, nessa sexta-feira (13/11) o inquérito que investigava a veiculação de campanha publicitária caluniosa contra a Governadora do Estado, Yeda Crusius. A Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça, sendo apreendidos diversos materiais, inclusive as matrizes do material investigado, computadores, bem como foram adotadas providências quanto ao conteúdo publicado na internet. Segundo o delegado Mocciaro, foram identificados os responsáveis pela Federação Anarquista Gaúcha (FAG), a qual publicou diversos cartazes publicitários com conteúdo criminoso. Os oito integrantes da FAG identificados foram indiciados por crime contra honra, incitação ao crime e formação de quadrilha ou bando. Segundo o delegado Mocciaro, a liberdade de expressão e o direito de reunião, constitucionalmente assegurados, assim como Internet, espaço mundial para livres manifestações, não podem servir de escudos e meios para prática de crimes. Em outro procedimento, em atendimento à requisição de diligências recebidas do Poder Judiciário, foram ouvidos, cerca de 20 representantes de diversas entidades que deflagraram neste ano campanha publicitária ofensiva contra a Governadora do Estado.

POLICIA CIVIL
Assessoria de Comunicação

Observação final da FAG:

É da natureza da política querer caracterizar como crime o protesto e a defesa da verdade e a punição aos culpados pelos crimes de Estado. Ainda que o soldado da Brigada Militar tenha assumido o disparo, este praça não estava nem em posição de comando da tropa e menos ainda na função de chefa do Executivo do governo do estado. Mais uma vez somos incriminados por sermos militantes anarquistas. E, assim como na Campanha de Sacco e Vanzetti, organizações solidárias de todo o mundo já enviam, de todas as partes, solidariedade, alento e coragem.

O neoliberalismo não passará no Rio Grande!
Justiça e punição para os mandantes e responsáveis políticos do assassinato de Eltom Brum da Silva!
Toda a solidariedade com a Federação Anarquista Gaúcha!
Arriba los que luchan! Não tá morto quem peleia!

fonte: http://www.vermelhoenegro.co.cc/2009/11/nota-da-fag.html

SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL: Concentración de CGT ante la embajada de Brasil en Madrid en solidaridad con la FAG.

La CGT se concentró ayer 11 de noviembre en la embajada de Brasil en España para protestar por los hechos ocurridos el pasado 29 de octubre en la sede de la Federación Anarquista Gaucha (FAG), en la ciudad de Porto Alegre (Río Grande do Sul, Brasil).

Hace algo más de 10 días la policía civil entró en la sede de la FAG para requisar diverso material como carteles, documentos, actas de reuniones y la CPU de un ordenador. También hay varios compañeros procesados. Con esta acción la CGT se solidariza con los compañeros y compañeras de la FAG, mostrando su incondicional apoyo al trabajo que vienen desarrollando desde hace bastante tiempo, un trabajo serio y constante de denuncia y de rechazo a un gobierno corrupto.

Además de la concentración se ha presentado un escrito en la embajada, solicitando al Sr. Pablo Cesar de Oliveira Campos, embajador de Brasil en España, que transmita a su gobierno nuestras demandas, que consisten en la devolución de los materiales incautados, la retirada de cualquier proceso judicial contra los compañeros procesados y la dimisión de la gobernadora del estado de Rio Grande do Sul, la Sra. Yeda Rorato Crusius.

ueremos manifestar nuestro rechazo por la actitud de la embajada, ya que una vez más se ha negado a registrar formalmente nuestro escrito de protesta. La recepción se ha producido en la calle, sin permitirnos el acceso al edificio y la actitud de los funcionarios de la embajada ha sido distante y sin mostrar ningún interés por nuestros planteamientos. Estos hechos suponen un desprecio no sólo hacia la CGT sino, por extensión, también a la FAG. Lo que demuestra las verdaderas intenciones gubernamentales, que consisten básicamente en no reconocer la existencia del problema.

Desde la CGT seguimos insistiendo en nuestro llamamiento a la solidaridad internacional, sobre todo dentro del ámbito libertario.

La agresión a los compañeros de la FAG debe tener su respuesta.

fonte: http://www.vermelhoenegro.co.cc/search?updated-max=2009-11-15T14%3A16%3A00-08%3A00&max-results=2

SOLIDARIEDADE DESDE URUGUAY

Jueves 5 de noviembre de 2009.

Este día nos hemos concentrado ante la embajada de Brasil en Uruguay 50 compañeros a reclamar contra la represión que estan siendo sometidos los compañeros de la Federación Anarquista Gaúcha.

La concentración fué convocada por colectivos anarquistas de Uruguay a propósito de manifestar nuestra solidaridad con nuestros compañeros.
Durante una hora se repartieron volantes y se cantó y agitó ante la embajada. Fuimos recibidos luego por el primer secretario de la embajada Arnaldo de Baena Fernandes a quien se le entregó una carta denunciando la realidad y exigiendo el cese inmediato a la persecución de militantes populares anarquistas en Porto Alegre. Manifestó desconocer el tema pero se manifestó interesado y sí estaba al tanto del asesinato del compañero campesino sin tierra Elton Brum.

Han manifestado las organizaciones convocantes su compromiso por mantenerse al tanto con el tema y no dejar pisada a la persecución a la que hemos sido siempre los anarquistas.

Con los compañeros de la FAG.
Con la solidaridad como acción.
Arriba los que luchan.

federación Anarquista uruguaya.

fonte: http://www.vermelhoenegro.co.cc/search?updated-max=2009-11-16T13%3A48%3A00-08%3A00&max-results=2

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Protesto não é crime, nenhum passo atrás! – crônica do ataque policial-estatal sofrido pela FAG

Sábado 31 de outubro de 2009, Porto Alegre – RS, Brasil

A Federação Anarquista Gaúcha (FAG) agradece fraternalmente a solidariedade que está sendo manifestada e reafirma seus princípios frente ao ocorrido no dia 29 de Outubro, em Porto Alegre. Homens e mulheres livres, dotados de ideais e certos do direito que tem de expressá-los política e socialmente seguem íntegros.

Na tarde do dia 29 de Outubro foi deflagrada a execução pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul de dois mandados judiciais (Justiça Estadual) de busca e apreensão na sua sede pública em Porto Alegre e no endereço de hospedagem do site vermelhoenegro.org na cidade de Gravataí. Em tais ordens constava o recolhimento de material impresso de propaganda, computador (CPU) e demais objetos relacionados à queixa criminal. Os agentes do Estado inicialmente tentaram arrombar o portão conforme testemunho de vizinhos do local, já que a sede estava fechada naquele momento. Após a entrada no local, mediante a leitura do mandado, iniciaram a busca no interior do imóvel por cartazes, boletins informativos e demais documentos ao mesmo tempo em que desligaram o telefone, alegando que durante aquela execução não se pode usar tal meio. O agravante é que além do cartaz requerido pela ordem judicial, no qual a governadora é responsabilizada junto à Brigada Militar (polícia militar estadual) pelo assassinato de Eltom Brum da Silva, levaram o estoque de arquivo de outras produções impressas de opinião política e informação, como um arquivo de cartazes reivindicando a saída da governadora e denunciando a ingerência do Banco Mundial no seu projeto político. Este material é parte da campanha pública deflagrada pela FAG dentro do contexto de uma ampla campanha de mobilização sindical e popular que vem se desenvolvendo há pelo menos um ano neste estado.

Na tarde do dia 29 de Outubro foi deflagrada a execução pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul de dois mandados judiciais (Justiça Estadual) de busca e apreensão na sua sede pública em Porto Alegre e no endereço de hospedagem do site vermelhoenegro.org na cidade de Gravataí. Em tais ordens constava o recolhimento de material impresso de propaganda, computador (CPU) e demais objetos relacionados à queixa criminal. Os agentes do Estado inicialmente tentaram arrombar o portão conforme testemunho de vizinhos do local, já que a sede estava fechada naquele momento. Após a entrada no local, mediante a leitura do mandado, iniciaram a busca no interior do imóvel por cartazes, boletins informativos e demais documentos ao mesmo tempo em que desligaram o telefone, alegando que durante aquela execução não se pode usar tal meio. O agravante é que além do cartaz requerido pela ordem judicial, no qual a governadora é responsabilizada junto à Brigada Militar (polícia militar estadual) pelo assassinato de Eltom Brum da Silva, levaram o estoque de arquivo de outras produções impressas de opinião política e informação, como um arquivo de cartazes reivindicando a saída da governadora e denunciando a ingerência do Banco Mundial no seu projeto político. Este material é parte da campanha pública deflagrada pela FAG dentro do contexto de uma ampla campanha de mobilização sindical e popular que vem se desenvolvendo há pelo menos um ano neste estado.

Conforme comunicado pelos agentes da Polícia Civil o processo está embasado na queixa de injúria, calúnia e difamação contra a FAG movido pela governadora Yeda Crusius (PSDB) referente ao termo “assassina” publicado em panfletos, cartazes e página web. Também foram apreendidos outros documentos não relacionados ao fato, assim como uma coleção de discos de arquivo de backup e do próprio CPU. Perguntavam por armas e drogas, numa tentativa clara de nos criminalizar assim como sobre quem toma as decisões, quem são os responsáveis, como funciona a FAG, se tem registro jurídico formal enquanto associação ou entidade. Buscavam também, com um segundo mandado semelhante o endereço e o responsável pela página do site da internet, havendo uma ameaça clara de cerceamento da liberdade de expressão também neste veículo assim como da tentativa de criminalização do seu responsável técnico, o qual não foi localizado. O responsável pelo endereço físico do portal foi levado à 17ª delegacia e apreendido neste local – em Gravataí (Região Metropolitana de Porto Alegre) também o CPU do seu computador, um palm-top de uso pessoal e arquivos de documentos antigos da FAG, que permaneceram lá guardados ao longo dos anos, como cartazes, revistas e informativos diversos.

No total, a repressão política impetrada pela governadora terminou identificando e levando para interrogatório a quatro pessoas. As oitivas se deram na 17ª delegacia de Polícia Civil em Porto Alegre, agora seguindo o inquérito, possível indiciamento e posterior processo judicial contra os indivíduos identificados e responsabilizados pela referida campanha pública de difusão de opinião, em nome da FAG, sobre o assassinato de um companheiro do MST na fazenda Southall em São Gabriel (Fronteira Oeste), ocorrido em 21 de agosto deste ano. Reiteramos porém que não apenas os ditos materias ofensivos foram apreendidos, mas vários arquivos de textos e discos, documentos políticos, atas de encontros e reuniões, inclusive objetos já descartados caracterizados como lixo e também que a ameaça de exclusão do site vermelhoenegro.org está clara. Assim, alertamos a todas as companheiras e companheiros, incluindo aqueles que se solidarizam conosco, cientes do motivo caso sejamos excluídos, ou melhor, censurados, em nossa página na internet.

O episódio do assassinato do sem-terra Eltom Brum da Silva, a luta de idéias, a propaganda e agitação produzidas pela FAG sobre os fatos motivaram a queixa de injúria, calúnia e difamação que resultaram em busca e apreensão do material difundido na semana seguinte ao dia 21 de Agosto de 2009. Em São Gabriel, no sul do país, o colono Sem Terra foi covardemente morto com um tiro de calibre 12 pelas costas, havendo inclusive relatos discordantes quanto ao responsável direto pela morte. Este fato é fundamental, já que uma pergunta que fazemos é: independente da patente daquele que segurava a arma com munição letal e da sua intenção ou dolo, não são os governantes os responsáveis pelas polícias e demais instituições do Estado?

No topo da cadeia hierárquica são os governadores dos estados brasileiros os chefes máximos das polícias estaduais (Civil e Militar), portanto é a governadora Yeda Crusius no Rio Grande do Sul, assim como seria em qualquer outro estado do país, a responsável direta por qualquer ato de seus comandados diretos. Mas há ainda outras considerações importantes. As políticas públicas implementadas pelos governos são também responsabilidade de quem as define e executa, mais uma vez representado no seu chefe, o governador. Não somente a fato do assassinato de um Sem Terra em 2009, caracterizado pela própria mídia tradicional como político, mas também as conseqüências das políticas para a educação e saúde públicas, da criminalização da pobreza nas periferias urbanas e no campo, assim como sobre os movimentos sociais e sindicatos são bandeiras legítimas que vários setores do povo organizado vêm levantando a mais de ano contra este governo. Não há casos isolados, mas um endurecimento dos dispositivos de criminalização e repressão brutal a todos estes setores, como por exemplo, na greve dos bancários e dos professores estaduais em 2008 e a tentativa de criminalização da oposição dos servidores públicos liderada pelo CPERS-sindicato, de longa trajetória de lutas. Não podemos tampouco omitir o processo político deflagrado junto ao Ministério Público estadual contra o MST, uma conspiração de Estado, também com o firme propósito de criminalizá-lo.

Outro agravante deste governo são os efeitos a curto, médio e longo prazo do empréstimo com o Banco Mundial, por exemplo, a tentativa de venda da Pampa para os interesses das papeleiras, a prevalência do agronegócio sobre a agricultura familiar e o financiamento direto e indireto dos grupos e corporações nacionais e multinacionais. Enfim, se aplica o plano estratégico neoliberal para o RS publicamente conhecido na agenda 2020 e estas metas são responsabilidades de todos os que compõem o governo com funções políticas (1º, 2º e 3º escalão) e principalmente da governadora Yeda Crusius, evidente defensora do seu projeto de governo, ou melhor, do projeto das elites que a sustentam e dos interesses que estas representam.

Não ignoramos o papel das classes dominantes como agentes decisivos na política e da sua influência no jogo de interesses que caracterizam os governos de turno do estado do RS. Aqui estão presentes os interesses dos latifundiários e do agronegócio e toda sua cadeia depredatória, como a indústria da celulose, o deserto verde, a exploração das reservas de água, a tentativa de criminalização do MST, o fechamento das escolas itinerantes dos acampamentos, etc.. . Também estão em jogo os interesses daqueles que vivem do roubo sistemático contra o povo, da corrupção institucionalizada, da banca estelionatária e criminosa, da velha ordem de tirar vantagem, de desprezar o povo e fundamentalmente seus direitos e sua capacidade de rebelar-se. São inúmeras as denúncias e evidências de corrupção escandalosa assim como foram muitas as tentativas de desqualificar e impedir os sindicatos, as categorias e movimentos sociais de manifestarem seu repúdio, sua opinião.

A política de retirada de direitos dos trabalhadores, muitos deles conquistados orgulhosamente com muito combate desde os sindicatos de resistência há mais de cem anos, não é exclusividade do governo Lula. Aqui no RS o governo Yeda Crusius tomou e vem tomando várias medidas de cerceamento, repressão e criminalização contra os professores estaduais e seu o sindicato (CPERS), assim como de seus dirigentes. As escolas públicas estaduais passaram a ser um negócio entre o governo e organizações privadas, as fundações educacionais, verdadeiras cloacas de dinheiro público com sua lógica de gestão e seus interesses, onde quem ganha são os de sempre e quem perde é o povo. As conquistas de décadas de lutas das categorias dos trabalhadores da educação vêm sendo combatidas arduamente pela atual política para a educação no governo estadual, antes também personificado na figura de Mariza Abreu, ex-secretária de educação, logo também responsável pelas conseqüências do projeto que defende.

O CPERS junto a vários outros sindicatos dos serviços públicos estaduais organizados no Fórum dos Servidores e com diversos setores dos movimentos populares, sindical e estudantil vem denunciando e posicionando-se contrários publicamente a essas políticas e suas conseqüências. A campanha, chamada “Fora Yeda”, na qual somamos esforços, é onde está contextualizada a luta de propaganda e agitação que motiva o processo contra a FAG.

Queremos registrar a solidariedade que foi manifestada prontamente por vários companheiros, entidades, sindicatos, veículos de comunicação alternativos, da comissão de direitos humanos do MST, do Cpers-sindicato na presença de sua presidente e vice já em nossa sede durante a operação policial, assim como da disponibilização das assessorias jurídicas deste e de outros sindicatos. Temos a solidariedade como um princípio e estamos enaltecidos com tantas manifestações que recebemos e certamente seguiremos recebendo de tantos estimados companheiros, como as já manifestadas pela Confederação Geral do Trabalho (CGT-Espanha) e nossa co-irmã, a Federação Anarquista Uruguaia (FAU).

Nos exemplos de Sacco e Vanzetti reafirmamos que a natureza criminal das classes dominantes, suas elites dirigentes, do sistema capitalista seguirá colidindo com o antagonismo e a vigência de nossas lutas, de nossos princípios e acima de tudo do direito a liberdade pelo qual seguiremos peleando. Com um olhar firme no horizonte libertário que buscamos, com a dignidade de combatentes e a solidariedade com as classes oprimidas, aos povos que lutam, suas ânsias por construir desde o presente caminhos rumo a uma nova sociedade, nenhum passo atrás é a palavra de ordem.

Que a ofensa feita a um seja a luta de todos!

Pelo socialismo e pela liberdade,

Não tá morto quem peleia!

Federação Anarquista Gaúcha

Contato: fag.solidariedade@gmail.com


fonte: http://www.vermelhoenegro.org/fag/leiaindex.php?titulosel=b07ae805c203851b743121bcb3bfe124

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Organização e burocracia: faces da mesma moeda?

Preâmbulo

A idéia inicial do texto era conciliar a reflexão sociológica em torno da questão da organização com uma proposição conclusiva no que diz respeito à organização revolucionária. Seria um “passo a passo” do que defendemos enquanto organização.
Essa idéia não pôde ter sido consolidada, pois o artigo assumiu essa forma atual meses atrás sem a última parte, que seria justamente a temática da organização revolucionária em sua forma propositiva, no sentido pragmático do termo. Dessa forma, a parte pragmática/propositiva fica pra um outro momento, mas é bom deixar claro que a ausência disso não implica uma falta de atenção para esse lado, pelo contrário.


Organização Burocrática


Uma burocracia consiste num conjunto de relações sociais pautadas na dominação (indivíduo pelo todo), pressupõe, portanto, uma hierarquia. A característica primordial de uma organização burocrática é a perda de controle por parte da base (já que numa organização desse caráter opõem-se duas categorias: base x cúpula) de sua própria organização, ou, melhor dizendo, a impossibilidade do começo ao fim de algum controle da organização pela base. A oposição base x cúpula equivale-se à oposição: dirigentes x executantes.

Qualquer que seja o grau de democracia formal existente no interior da organização, os militantes terão consciência que cabe aos especialistas avaliar a situação objetiva e dela deduzir a linha que se impõe; a atividade dos militantes então, consistirá – ao longo de todo ano – em executar o que os políticos tiverem decidido. [...] o trabalho de direção separa-se do trabalho de execução. Uma vez instaurada, essa diversidade tende a aumentar e a se aprofundar por si mesma: os dirigentes especializam-se em seu papel e tornam-se indispensáveis, enquanto os executantes mergulham em suas tarefas concretas. Privados de informação, da visão geral da situação e dos problemas da organização, paralisados em seu desenvolvimento pela falta de participação no conjunto da vida do partido, esses últimos têm cada vez menos a possibilidade e a capacidade de controlar os primeiros. (CASTORIADIS, 1985, p.164)

Em Lênin essa divisão do trabalho é enfatizada e tida como necessária. Em O que fazer? Lênin preconiza a estruturação de uma organização de revolucionários profissionais, hiper-centralizada (em algumas dezenas de cabeça), que irá dirigir todo o movimento.

[...] o social-democrata deve[r], antes de tudo, pensar em organizar revolucionários capazes de dirigir toda a luta emancipadora do proletariado. (LÊNIN, 1978)

Além disso, Lênin demonstra como sua forma de organização é estruturada da cúpula para a base em Um passo à frente, dois passos atrás.

Tentativa talvez quase única de análise da noção de burocratismo é a que opõe no novo Iskra (n.0 53) o "princípio democrático formal" (o sublinhado é do autor) ao "princípio burocrático formal". Burocratismo versus democracia é de fato centralismo versus autonomismo; é o princípio de organização da social-democracia revolucionária em oposição ao princípio de organização dos oportunistas da social-democracia. Este último tenta avançar da base para o topo, e é por isso que defende, sempre que possível e tanto quanto possível, o autonomismo, a "democracia" que vai (nos casos em que há excesso de zelo) até ao anarquismo. O primeiro tende a começar pelo topo, preconizando o alargamento dos direitos e poderes do centro relativamente às partes. (GUÉRIN apud LÊNIN, 1982, p. 100)

Dessa forma a única democracia que podemos conceber numa organização desse tipo é a elegibilidade dos dirigentes. A democracia é reduzida a isso. Com um pouco mais de atenção é fácil ver a proximidade que esse modelo tem da democracia burguesa.

A base não dirige a organização sob o pretexto de que ela elege, uma vez por ano, delegados que designarão um comitê central; do mesmo modo, o povo não é soberano na república parlamentar sob pretexto de que elege periodicamente deputados que designarão o governo. (CASTORIADIS, 1985, p. 165)

Essa mentalidade, como bem assinala Castoriadis, se relaciona com um fundamento teórico, uma concepção positivista de ciência, a pretensão de deter a verdade única. Os teóricos do partido (vanguarda esclarecida) são os únicos que detém o caminho exato para a emancipação humana, devido ao fato de que o socialismo é uma verdade científica a ser desvendada por uma teoria.

E, se o socialismo é uma verdade científica à qual tem acesso o os especialistas através de sua elaboração teórica, disso se segue que a função do partido revolucionário seria a de importar o socialismo no proletariado. Esse, com efeito, não poderia chegar ao socialismo a partir de sua própria experiência; no máximo, poderia reconhecer no partido que encarna essa verdade o representante dos interesses gerais da humanidade – e apóia-lo. [...] O partido deteria a verdade sobre o socialismo, já que detém a única teoria capaz de levar até ele. Portanto, ele é; de direito, a direção do proletariado; e deve tornar-se tal também de fato, já que a decisão pode pertencer apenas aos especialistas da ciência da revolução. A democracia, então, na medida em que é admitida, não passa de um projeto pedagógico ou adaptação justificada pelo caráter “imperfeito” da ciência revolucionária. Mas é o partido que sabe e pode determinar qual a dose útil de democracia. (CASTORIADIS, 1985, p. 163-164)

O revolucionário profissional é revolucionário por profissão, ele é especialista em revolução, a função dele na divisão social do trabalho é fazer a revolução. Da mesma forma que a função de um engenheiro é dar as coordenadas para a construção de um edifício a função de um revolucionário profissional é dar as coordenadas para a realização da revolução. Ele é legítimo como tal pelo fato de que detém a verdade científica e por isso é uma vanguarda esclarecida.
O próprio Lênin está constantemente preocupado em demonstrar a exatidão de suas teses, chega ao maniqueísmo simplista de afirmar (em O que fazer?) que aquele período (1902) se define da seguinte forma: ou ideologia burguesa ou socialista. A afirmação não seria tão tosca se ele não entendesse socialismo como sinônimo de bolchevismo e, assim sendo, ou é bolchevismo ou é burguês. Essa falsa dicotomia serviu como pretexto para o assassinato de diversos militantes na Rússia.
O papel do teórico do partido completa-se na medida em que a consciência socialista por parte do proletariado deve necessariamente vir de fora, ou seja, dos intelectuais burgueses (ou ex-operários) que tiveram acesso aos estudos científicos aprofundados. O proletariado, segundo Lênin, chegaria espontaneamente apenas na consciência trade-unionista.
Dessa forma, a política revolucionária imbrica-se num tecnicismo próprio de uma razão instrumentalizada e, a partir da teoria dá-se um passo para a racionalização da organização e a conseqüente burocratização. Isso por que a própria teoria afirma a separação do aparelho diretivo do executante.
O elemento que está acima dos indivíduos organizados, nesse caso, é a burocracia, a própria organização engessa-se na conservação de sua burocracia, ou seja, na manutenção do poder. Em suma, a fissura entre base e cúpula é a premissa para a burocratização da organização, assim como para o firmamento do processo de reificação dos indivíduos, i.é, a transformação dos indivíduos em “coisa” e que não tem controle sobre a instituição que ele mesmo fundou.
Com esse conceito (reificação) Marx tentava demonstrar como o capital subordina os indivíduos em seu papel de sujeito histórico e o substitui.¹ Da mesma forma o faz a burocracia, substituindo os indivíduos em seu papel norteador da ação. É também por isso que a crítica do fetichismo faz-se necessária, o “socialismo” de Estado reproduz a fetichização das relações sociais (delegar ao mundo das coisas um movimento próprio) na medida em que reproduz a dicotomia entre dirigentes e executantes (conversão do trabalho útil ao trabalho abstrato) no seio da estrutura produtiva, e é com mais coerência que esses regimes são denominados de capitalismo de Estado.
Não podemos dizer que nos Estados onde reinam o capitalismo de Estado a manutenção da ordem, através destes aparelhos burocráticos, é sinônima de manutenção do processo revolucionário, esse grande mito é proferido pelos socialistas de Estado a todo vapor. Mas essa é uma outra questão que apenas se relaciona com a proposta central do texto.
O que tentaremos expôr como proposta central do texto é a viabilidade de uma organização que não caia nas garras da burocracia, lançando as bases sociológicas para tal projeção e em seguida repensar no que esses pressupostos implicam, do ponto de vista pragmático, para uma organização que pretende abolir essas mesmas formas de relações sociais que [re]produzem a burocracia.


Organização Revolucionária


Antes de projetar um tipo de organização que não se acorrente nas amarras da burocracia é preciso um ponto de partida, um pressuposto sob o qual essa projeção está baseada. Tendo a perspectiva de que os fins a que determinada luta revolucionária leva está plantado em seu próprio embrião (no embrião dessa luta).

Marx define na “Ideologia Alemã” o comunismo não como um “estado do ser”, mas sim como um processo.

“O comunismo não é para nós um estado que deve ser estabelecido, um ideal para o qual a realidade terá que se dirigir. Denominamos comunismo o movimento real que supera o estado de coisas atual”. (MARX, 1986)

Isso significa dizer que o comunismo não é uma etapa a ser alcançada (como o proclama o aforismo leninista) o comunismo está aqui e agora, pois ele é um processo, um constante “devir”. Ele é constante e diz respeito à subjetividade humana, a predisposição extática (dinâmica, que está em constante movimento) da humanidade. (Holloway, 2003). Porém, esse fazer histórico não é totalmente livre. Na sociedade capitalista o sujeito é transformado em objeto, o que significa dizer que a humanidade não é mais um fim (a razão do desenvolvimento social-histórico), mas sim um meio, e o capital torna-se um fim ao negar a subjetividade humana. O que não significa que estamos em um sistema fechado, do qual a subordinação da humanidade ao capital torna-se inelutável. A negação (o capital) depende do negado (a humanidade) para poder existir, e esse é o ponto de partida para a possibilidade da sociedade comunista. A sociedade comunista tem esse nome pelo fato de que a partir desse momento o constante devir (ou seja, o comunismo) é processado sem a negação da subjetividade humana, isso não significa dizer que na sociedade comunista a humanidade é extática, que é o fim da história e etc., mas sim o fim de uma etapa na história da humanidade, a etapa onde ela era negada como sujeito histórico.

Esse é certamente o pressuposto sob o qual a projeção de uma organização deve ser feita. É a tentativa de fazer com que nossa subjetividade não seja negada pela burocracia. É importante ressaltar que quando falamos do antagonismo binário entre capital e trabalho não estamos a negar a multiplicidade de antagonismos existentes em nossas relações sociais. Sobre isso, John Holloway:

“[...] a própria compreensão das relações sociais como caracterizadas por um antagonismo binário entre o fazer e o feito [produzir e produto do trabalho] significa que esse antagonismo existe na forma de uma multiplicidade de antagonismos, que existe uma grande heterogeneidade do conflito. [...] defender uma hegemonia da luta da classe trabalhadora compreendida empiricamente ou afirmar que essas resistências que aparentemente não são de classe devem ser subsumidas à luta de classes, seria uma violência absurda. O argumento aqui é exatamente o contrário: o fato de que a sociedade capitalista se caracteriza por um antagonismo binário entre o fazer e o feito significa que esse antagonismo existe como uma multiplicidade de antagonismo.” (Holloway, 2003, p. 68-69).

O antagonismo entre o fazer e o feito se dá na medida em que o feito se torna alheio aos fazedores, o feito torna-se exterior aos fazedores e os nega (trabalho alienado). Assim os capitalistas apropriam-se individualmente de um feito que foi coletivo, dessa forma (ainda sob os parâmetros de Holloway) o “poder-fazer” (ou poder constituinte, a capacidade humana de produzir e etc.) gera e ao mesmo tempo é negado pelo “poder-sobre” (poder constituído, dominação e etc.).
Da mesma forma, numa organização burocrática, os chefes possuem o “poder-sobre” e se apropriam individualmente do feito do resto. É comum na história a ênfase nas personalidades, assim como o fez Stálin em atribuir a “inspiração” e “chefia” da revolução russa de outubro à Lênin.

“Isto não significa, naturalmente, que a insurreição de Outubro não teve o seu inspirador. Não, teve o seu inspirador e chefe. Mas este foi Lênin, e ninguém mais [...]” (Stálin, 1954).

Portanto, a organização revolucionária não deve ser projetada sob o paradigma do “contra-poder” (próprio das organizações de esquerda cujo objetivo é a tomada do poder político), mas sim sob o do “anti-poder”. Ao encarnar esse paradigma em sua própria forma, a organização desde já planta as bases para o “comunismo”, desde já estabelece a coerência entre meios e fins, ou seja, não pretende abolir a alienação (negação) através de meios alienados.


¹. "De fato isso aconteceu, não é só uma ilusão, nós não podemos romper com as amarras ideológicas que a ordem social burguesa e o capitalismo nos impõe simplesmente por um ato de consciência. Por que isso é uma coisa prática, vivida, na nossa vivência cotidiana, afinal de contas, a partir daquele movimento simples que começa da conversão do trabalho útil ao trabalho abstrato nós estamos delegando ao mundo das coisas um movimento próprio. Por que? A partir daqui o que vai acontecer? Essa lógica da mercadoria vai se universalizar e quando esse se generaliza acontece a inversão, a interversão dialética, aquilo que começa com a produção de valores de uso que eventualmente tornam-se valores de troca transforma-se na produção de valores de troca que acidentalmente tornam-se valores de uso." (Maria Eduarda. Disciplina Sociologia da Cultura. Teoria Crítica (aula 2).

Por Grupo De Estudos Socialismo Libertário, Recife, 2009.

Bibliografia:

Castoriadis, Cornelius. A Experiência do Movimento Operário. In Garcia, Marco Aurélio (ORG.). São Paulo: Editora Brasiliense, 1985.

Guérin, Daniel. Rosa Luxemburgo e a Espontaneidade Revolucionária. São Paulo: Editora Perspectiva, 1982.

Holloway, John. Mudar o mundo sem tomar o poder. São Paulo: Editora Viramundo, 2003.

Lênin, V. I. O que fazer? São Paulo: Editora Hucitec, 1978.

Marx, K. A ideologia Alemã. São Paulo: Hucitec, 1986. (Parte I)

Stálin, J. V. Obras – 6º vol., Editorial Vitória, 1954. [HTML: http://www.marxists.org/portugues/stalin/1924/troskismo/index.htm]